Por Liberato Mata Moniz
UM GESTO PATRIÓTICO
Há tempos atrás, lá muito antes da marcação da data das eleições presidenciais de 2016, um amigo meu com grandes responsabilidades na comunicação social profetizou, tal como discípulo de Jesus Cristo, que, com o controlo da Assembleia Nacional, das câmaras distritais e face a tanta “sabedoria” existente no XVI governo e no partido ADI, que o país necessitava urgentemente de um Presidente que não tivesse voz, não tivesse ideias, que pudesse ir às compras logo pela manhã e que no final da tarde jogasse às cartas com os seus amigos mais próximos. Sem enquadrar o Evaristo de Carvalho como candidato do ADI e do Governo nesse lote dos sem-ideias, tenho hoje a plena percepção daquilo que o então “profeta” defendia. Assim, decorrida a primeira volta das eleições presidenciais verificam-se, factualmente, as seguintes conclusões:
1. Fica patente a todos os Santomenses, dentro e fora do país, a vergonha pública devidas a irregularidades cometidas por aqueles que tinham a obrigação de organizar e garantir a igualdade de oportunidades, a transparência e a justeza dos resultados eleitorais;
2. Acreditando na seriedade daqueles que fizeram a recontagem dos votos com a presença dos Procuradores da República, legítimos representantes da legalidade no país, os resultados anunciados às 5.00 horas da manhã do dia 18 de Julho não correspondem à verdade dos votos expressos nas urnas, pelo que não existe qualquer vencedor na primeira volta dessas eleições;
3. Existe uma verdadeira desconfiança de todos em relação aos organizadores das eleições de uma forma geral em São Tomé e Príncipe, com particular destaque para a Comissão Eleitoral que, sorrateiramente, tem sido “escolhida” desde 1991, por aqueles que detêm o poder. Atentem por favor, ao comunicado dos observadores internacionais, isto é, releiam-no nas entrelinhas;
4. A pretensa segunda volta das eleições presidenciais entre o Dr. Manuel Pinto da Costa e o Sr. Evaristo de Carvalho contribuirá, tenho a certeza, uma vez mais para ajudar a dividir o pais, falsear o jogo democrático e agudizar o clima de vitimização entre pessoas. Os nossos governantes não têm sido exemplo para a formação de uma sociedade plural e livre. Face ao exposto e a vergonhosa não demissão da Comissão Eleitoral, e porque no país vive-se um clima nada democrático e civilizacional, onde a ofensa e a divisão entre as mulheres e os homens, promovida pelos dirigentes políticos, crescem exponencialmente com o simples intuito de vitimização ou de apego ao poder;
Porque todos que “apaixonadamente” se encontram na onda do Governo do ADI e de Patrice Trovoada acreditam piamente que o país não atingirá o tão almejado Dubai por culpa expressa do bloqueio as intenções do governo pelo até então Presidente da República, venho em consciência própria e em nome de todos aqueles que acreditam que o que aqui exponho possa ser parte da verdade, solicitar ao atual Presidente da República, Dr. Manuel Pinto da Costa, que, num gesto patriótico e de amor a São Tomé e Príncipe, não participe na segunda volta das eleições e, em consequência, permita ao Governo, ao ADI e a Patrice Trovoada terem o poder que tanto lhes falta para que jamais encontrem desculpas para a não concretização do desenvolvimento prometido pelos mesmos. Prometem – e apregoam – paz entre as pessoas, infraestruturação do país, saúde, educação, dignidade, respeito e o pão-nosso de cada dia: que tenham as condições que “exigem” para cumprir a promessa…
Convencido de que muita coisa boa proporcionou o Dr. Manuel Pinto da Costa ao país, como é a própria independência e a viragem para a democracia, deixo aqui expressa a minha opinião e pedido na esperança de que a história venha um dia a ser contada e lembrada. E que, talvez, a História possa contar as responsabilidades de cada um no estado do país!