O Papel dos Militares numa Democracia

“Enquanto jovens africanos aclamam líderes militares como Traoré (Burkina Faso), Deodato Capela alerta: «A solução não está em golpes, mas em instituições fortes». Análise com casos históricos (Portugal, Gana, Tunísia) e 3 recomendações essenciais sobre o papel dos militares na democracia africana. [Ler mais]” read more

 

Deodato Capela - Analista Político

O Papel dos Militares numa Democracia: Reflexões para África

Irmãos e irmãs de São Tomé e Príncipe e de África, Hoje, vejo muitos jovens entusiasmados com a onda de mudança liderada por figuras como o Presidente Ibrahim Traoré do Burkina Faso, um líder jovem e revolucionário que promete combater a desigualdade e a corrupção. Compreendo o apelo dessa narrativa, especialmente num continente onde muitos governos falharam em servir o povo. No entanto, peço que reflitamos com calma: a solução para os nossos problemas não está em normalizar golpes militares, mas em fortalecer as instituições democráticas.

O Papel dos Militares numa Democracia

Os militares têm um dever sagrado: proteger a Constituição e a soberania nacional, não substituir a vontade popular. Quando um regime é opressor, é legítimo que o povo lute por mudança—mas essa mudança deve sempre culminar no regresso ao poder civil, através de eleições livres e justas.

Exemplos Positivos no Mundo

  • Portugal (1974): A Revolução dos Cravos derrubou uma ditadura, mas os militares entregaram o poder aos civis, iniciando uma democracia estável.
  • Gana (1966 e depois 1981): Apesar de golpes no passado, hoje o país é um exemplo de transição democrática, com os militares respeitando o processo eleitoral.
  • Tunísia (2011): Os militares recusaram-se a reprimir protestos e permitiram uma transição democrática após a queda de Ben Ali.

Aos Jovens Entusiastas de Líderes como Traoré

Não incentivem a intervenção militar contra governos eleitos, mesmo que imperfeitos. A solução é pressionar por reformas, participação política e justiça social, não substituir um governo fraco por uma junta militar.

“A democracia, mesmo imperfeita, é sempre melhor que a alternativa. Ditaduras, uma vez instaladas, raramente saem em paz.”

— Deodato Capela

Recomendações Claras

  1. Os militares devem ser neutros, defendendo as instituições, não governando.
  2. A vontade popular deve prevalecer sempre, mesmo em revoluções.
  3. Reforcem a sociedade civil, a imprensa livre e os partidos políticos.

Como africanos, devemos construir uma democracia ao nosso estilo, com os nossos valores, mas sempre com eleições, sempre com voz ao povo.

 

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